Arquivo da tag: Paranóia

Sessão de Cinema – Sob o controle de absolutas forças superioras

FILME: Controle Absoluto (Eagle Eye) EUA, 2008 – Ação/Suspense – 107 min. Resenha de Carlos Campos para o site “Claquete Virtual”, 2008.

Divulgação

Deve ser uma maravilha ter um padrinho tão forte quanto Steven Spielberg. Adotado artisticamente pelo aclamado autor de clássicos como “Tubarão” (1975), Shia LaBeouf ruma ao estrelato, protagonizando diversos filmes bem-sucedidos e bancados consecutivamente pelo conhecido padrinho, como “Transformers” (dirigido por Michael Bay em 2007) e este “Controle Absoluto”, um suspense movimentado que aposta na “nova promessa hollywoodiana” (por enquanto, dando conta do recado…). Garantindo, assim, que o longa-metragem em questão funcione nos patamares atribuídos ao título, uma fita (completamente adequada) na função de “veículo” para “promover” o preciso toque de Midas de Mr. Spielberg (por sinal, produtor-executivo desta presente empreitada comercial).

Revelado no suspense adolescente “Paranóia” (de 2007), Shia sempre demonstrou um talento/carisma diferenciado e prematuro, evoluindo gradativamente sua “posição nos créditos” a cada película lançada (até encabeçar as recentes grandes produções), fisgando papéis importantes e representativos, vide o último “Indiana Jones”, seqüência dirigida por “tio” Spielberg, logicamente. Sobrevivendo num meio repleto de tipos e galãs que fogem completamente de suas características pacatas, LaBeouf sabe aproveitar (muito bem) sua categórica “aparência simplista”, encaixada perfeitamente nos papéis de “homens comuns” – virando o centro das atenções com uma realista naturalidade, esta, cinematograficamente interessante, seja pelo acaso ou por puro talento, ambos, marcantes neste interprete, um quase menino-prodígio, agindo de mansinho e chegando ao “topo das paradas” com uma carreira (agora) impecavelmente conduzida (pela benção de Spielberg, inclusive).

Municiado por uma trama interessante (e absurda), o ator assume os holofotes que costumeiramente lhe acompanham, empenhando-se na história de um “sujeito normal” que acaba involutariamente envolvido numa trama conspiratória sem precedentes. Movimentado por forças ocultas (ao estilo Morpheus guiando Neo no primeiro “Matrix”), o rapaz precisa seguir as instruções que recebe via celular (de uma voz misteriosa), agindo como um mero pião dentro de um tabuleiro muito maior (ao lado de outras peças importantes, como a personagem vivida por Michelle Monaghan, de “Missão Impossível III”) . “Brincando” com o clima de terror (psicológico) pós-11 de setembro, “Controle Absoluto” é uma paranóia divertida – e exagerada – sobre o “controle absoluto” de informações dentro do resguardado território norte-americano, sempre obsessivamente vigiado. Onde os cuidados para garantir a “proteção máxima dos cidadãos” tende a atingir níveis perigosos para as liberdades individuais. Inexistente nos casos de “segurança nacional ameaçada”.

Um contexto extremamente interessante e aproveitado razoavelmente pelo inexpressivo diretor D.J. Caruzo (o mesmo de “Roubando Vidas”). Realizando um blockbuster ágil e alicerçado pelas singularidades incomuns de LaBeouf (que incrivelmente consegue legitimar as passagens mais esculachadas do roteiro), Caruzo sequer precisar se aprofundar nos meandros politizados da trama para alavancar sua obra, nem filmar longas seqüências de ação complexamente coreografadas, registrando as rápidas perseguições de forma mais intimista do que “espetaculosa”, digamos. Apesar dos escorregões, ligados a um enredo de furos nunca explicados, “Controle Absoluto” passa pelos rígidos procedimentos de prevenção com alucinações filmísticas (cabos de alta-tensão que perseguem pessoas) e sacadas muito bem boladas (abusando das prolíferas funções dos telefones portáteis, por exemplo), providenciando, no fim, uma sessão com gosto de “pipoca” bastante acentuado. Atingindo o objetivo de perpetuar o nome de Shia, mantendo-o nos chamarizes da Sétima Arte, além de garantir que sua (atual) ficha curricular permaneça – perfeitamente – incólume.

Deixe um comentário

Arquivado em Críticas